terça-feira, 24 de maio de 2011



Eu aqui e essa vontade de beber o mundo
Ser os muitos que em mim habitam num corpo só

Quisera eu ter vinte pernas cinquenta braços
oitenta olhos e mais bocas e ouvidos
Ser no mar o poente do sol
Estar no céu, na luz do luar

Pisar terras
Norte
Sul
Estar concomitantemente
do Leste ao extremo-Oeste

...


Mas... e se eu, estando em todos
os lugares ao mesmo tempo,
não me encontrar onde eu
estiver?

terça-feira, 10 de maio de 2011

Poetry - Poesia, um filme coreano


Poetry, ou Poesia na tradução para o Brasil, é um filme coreano vencedor como melhor argumento do Cannes 2010. Do diretor Lee Chang-dong, traz Yoon Jeong-hee no papel principal, o maior motivo para se surpreender com a película.

A história é de uma senhora, Mija, lá pelos seus sessenta e poucos anos, que se apaixona por poesia e começa a estudar para escrevê-las também. Descobre-se com Alzheimer e cuida de um neto adolescente, que com amigos da turma do colégio, é acusado de abuso de uma colega até o repentino suicídio da garota. O filme tem esse drama como fio condutor e encanta com a maneira de ver a vida que Mija demonstra: dosa uma certa praticidade em contraparte a um olhar róseo-poético.

A atuação de Yoon Jeong-hee como Mija é o que mais impressiona. Um olhar que, em certas cenas, bastam para muito dizer. São olhos que não apenas vêem, mas enxergam a essência das coisas, com expressões cheias de nuanças que denunciam novos sentidos à vida, às palavras.

Para quem não conhecia o cinema coreano, saí bem impressionado, inclusive com a fotografia do filme, contemplando o contraste de uma natureza com paisagens simples - porém belas - e a urbanidade construída pelo homem. Estradas, prédios e viadutos aparecem lado a lado com serras verdes, rios e árvores. Uma harmonia poética de imagens.

E assim também conheci um novo cinema, o espaço da Fundação Joaquim Nabuco, uma sala aconchegante. Com um café gostoso, em lugar e bebida. Frequentarei mais vezes.

segunda-feira, 9 de maio de 2011